22 de jul. de 2009

Justiça determina sequestro de 27 fazendas do grupo Opportunity

Relatório da PF aponta lavagem de dinheiro do grupo em atividades rurais.

Grupo diz que desconhece a decisão judicial.

A Justiça Federal determinou o sequestro de pelo menos 27 fazendas do grupo Opportunity listadas pela Polícia Federal com base em investigações realizadas em todo o Brasil.

A medida também vale para todo o gado no pasto.

Equipes da Policia Federal viajaram o Brasil para rastrear fazendas do Grupo Opportunity. No relatório final, a polícia concluiu: a organização criminosa lava dinheiro de suas atividades ilícitas na compra e venda de fazendas, gado e outros negócios agropecuários. Daniel Dantas e a irmã Veronica têm participação ativa nas fazendas, segundo a PF.

A investigação sobre crimes financeiros descobriu listas de propriedes rurais, mapas de controles de gado e muitos gastos no campo. A investigação aponta pelo menos 27 fazendas de gado: a maioria delas no Pará, duas em Mato Grosso, uma em Minas Gerais e outra no interior de São Paulo. O responsável pela gestão, segundo a Polícia Federal, é Carlos Bernardo Rodenburg, ex-marido de Verônica e ex-diretor do Opportunity.

A matéria exibida no Jornal Nacional, não conseguiu falar com o advogado de Daniel Dantas e da irmã dele, Verônica. Por meio da assessoria de imprensa, o Opportunity disse que desconhece a decisão da Justiça. Dora Cavalcanti, advogada de Carlos Rodenburg, se disse "surpresa" com o sequestro das fazendas e afirmou que seu cliente nega as acusações de irregularidades nos negócios.

Investimentos

A Polícia Federal afirma que o Opportunity já investiu mais de R$ 700 milhões em agropecuária, ficando Daniel Dantas responsável por mais de 20% deste valor: R$ 140 milhões. Em um e-mail, um funcionário do Opportunity pede a Verônica Dantas autorização para investir em uma agropecuária: compra de gado, R$ 8,7 milhões; benfeitorias R$ 1,2 mihão; e mais um R$ 1 milhão na aquisição de terras. Total dos gastos: quase R$ 11 milhões.

De acordo com um documento apreendido pela PF, o grupo Opportunity tinha, no ano passado, rebanho com mais de 450 mil cabeças de gado.

Pelo relatório policial, parte das despesas foi paga sem emissão de nota fiscal. E a compra de bens registrada em nomes de terceiros. A decisão da Justiça Federal em São Paulo foi comunicada para a procuradoria da República no meio da tarde.

O banqueiro Daniel Dantas, a irmã dele Verônica, o presidente do Banco Opportunity, Dorio Ferman, e mais 11 pessoas serão processados criminalmente. Na denúncia oferecida à Justiça, a procuradoria acusa os investigados de constituir um grupo criminoso empresarial.

O Ministério Público aponta a gestão fraudulenta de fundos no exterior. A denúncia ainda fala do uso da Brasil Telecom, empresa que pertenceu ao Opportunity, para o suposto repasse de dinheiro ao publicitário Marcos Valério, no escândalo do mensalão.

Com base nas acusações, o juiz federal Fausto de Sanctis decidiu que Daniel Dantas volta ao banco dos réus, agora pelos crimes de formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O banqueiro já foi condenado a dez anos de cadeia por corrupção, mas recorre em liberdade.

Provas e indícios de crimes serão encaminhados para Estados Unidos, Luxemburgo e Inglaterra, onde existem mais de US$ 500 milhões bloqueados em fundos atribuídos ao Banco Opportunity. A Justiça Federal determinou ainda a liquidação imediata de um fundo do Opportunity que está bloqueado aqui no Brasil desde setembro do ano passado. O saldo na época era de R$ 535 milhões. Na prática, a liquidação significa o seguinte: os administradores têm 48 horas de prazo para resgatar todo dinheiro do fundo e depositar numa conta aberta pela Justiça. Com quem vai ficar essa fortuna vai depender de como terminar o processo.

Por ordem do juiz, o saldo milionário deverá ser depositado na Caixa Econômica Federal, que funciona bem ao lado do fórum onde Daniel Dantas e os outros réus serão ouvidos no processo criminal.

Em nota, o advogado do Opportunity disse que os clientes ainda não tomaram conhecimento do recebimento da denúncia, mas, independentemente disso, eles negam as acusações recebidas pela Justiça.

A defesa conclui: os fatos narrados ou não constituem crime, ou estão baseados em provas fraudadas no âmbito da Operação Satiagraha.

Fonte: G1

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