21 de jul. de 2009

Grilagem de terras, trabalho escravo e bala 38 para curar aftosa

No calor da indignação dos fazendeiros por conta de inúmeras ocupações de áreas em nome da empresa do indiciado banqueiro Daniel Dantas, o MPF publicizava um estudo de mais de três anos sobre a apropriação indevida de terras públicas.

A pesquisa sobre grilagem de terras desnudou que os títulos produzidos pelos cartórios do Pará ultrapassam em quatro vezes o território do estado. Os títulos falsos somam mais de seis mil. Ainda assim a Justiça local não anulou os mesmos. O MPF e outros órgãos envolvidos na pesquisa recorreram ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

No mesmo período 27 fazendeiros das terras dos Carajás foram condenados por trabalho escravo. Um fato inédito. Se a mídia se esmerou em linchar as ocupações de terras, perdeu o fôlego ante as evidencias de grilagem de terras, trabalho escravo e os crimes ambientais que conformam a produção agropecuária na região e que resultaram no embargo na venda de carne.

O primeiro semestre foi bem agitado na disputa pela terra no Pará. A Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA) foi flagrada pela má aplicação de verbas públicas na campanha de combate da febre aftosa. Leia-se o presidente da entidade, Carlos Xavier, o mesmo que premiou a Agropecuária Santa Bárbara como empresa do ano.

Um jantar orçado em quatro mil reais é um dos questionamentos. A reportagem foi veiculada no jornal da TV Globo, Bom dia Brasil, do dia 25 de março de 2009. A reportagem realizada por Roberto Paiva explica que 40% da carne consumida no estado não passa por fiscalização sanitária.

Até hoje não se conhecem as prestações de contas de 1.441 milhão repassados desde 2007 através de três convênios para o presidente do Fundo, o mesmo senhor Carlos Xavier. Os recursos são oriundos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado Pará (ADEPARÁ).

Entre as notas flagradas pela auditoria consta uma compra de 150 projéteis para armas de calibre 38. Interroga-se: cura-se aftosa na bala ou seriam para os “seguranças” das fazendas? Tem-se ainda nota de 21 mil reais para aluguel de carros.

Por Rogério Almeida

Um comentário:

  1. A mídia sempre ignora as reivindicações dos movimentos sociais, prefere criminalizá-los, principalmente se tiver relação com a terra.

    ResponderExcluir