Eduardo Paulon Girardi
Geógrafo – Doutor em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Atualmente 16,5% da Amazônia já foram desflorestados, sendo que entre 1998 e 2007 foram desflorestados 54,5 milhões de hectares. Em 1998 havia na região cerca de 55,8 milhões de hectares de terras exploráveis não exploradas. No período 1996-2006 a agropecuária se expandiu sobre 23 milhões de hectares na Amazônia Legal, sendo 45% deste total referente a pastagens.
Essas informações nos permitem afirmar que, somente a partir das terras já desflorestadas e não utilizadas disponíveis na Amazônia Legal,é possível manter a expansão da agropecuária brasileira por mais 22 anos no mesmo ritmo de crescimento verificado na década 1996-2006. Ainda esta projeção não considera uma política de Reforma Agrária séria e eficaz e nem a mudança do modelo de pecuária extremamente extensiva predominante no Brasil.
Sendo assim, com a deotimização do sistema de produção e a realização de uma Reforma Agrária ampla, é possível expandir este prazo por vários anos, o que permite tempo para outras mudanças na base técnica e organizacional do campo. Como já mencionamos, é na região da fronteira agropecuária Amazônica que estão as maiores incorporações de terra na estrutura fundiária, realizada por grandes posseiros e proprietários. Assim, com base neste conjunto de informações, afirmamos categoricamente que a ocupação da Amazônia serve unicamente para aextração de madeira e especulação fundiária, enriquecendo poucos, como de costume neste país. Atualmente, uma nova investida da grilagem sobre a Amazônia ganha força com a Medida Provisória 458, que legaliza a grilagem de terra.
Toda esta contradição tem como resultado um campo com grande violência contra camponeses e trabalhadores rurais que são assassinados, ameaçados de morte, vítimas de tentativa de assassinato, explorados, escravizados, despejados e expulsos da terra. Essas violências são formas de acabar com os problemas da questão agrária sem resolvê-los. A Reforma Agrária é urgente para o desenvolvimento do país e a promoção de uma sociedade mais igualitária, democrática, livre e de um país independente. É necessário impedir que a concentração da riqueza se utilize da destruição do ser humano e da natureza.
Fonte: JST- edição de Junho
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