No encontro, que aconteceu no STJ, os movimentos do campo
entregam manifesto pela manutenção da condenação dos responsáveis pelo
Massacre de Eldorado de Carajás.
Na manhã desta quinta (20/8), integrantes do MST e de movimentos da Vai
Campesina se reuniram em Brasília com o presidente do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), ministro Cesar Rocha, para pedir a manutenção da
condenação dos responsáveis pelo Massacre de Eldorado de Carajás.
A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deverá julgar na
próxima terça-feira (25/08) o recurso apresentado pelo Coronel Mario
Colares Pantoja e pelo Major José Maria Oliveira, comandantes do Massacre,
que pede a anulação do julgamento em que foram condenados a 228 anos de
prisão.
Em 17 de abril de 1996, 1,5 mil trabalhadores rurais Sem Terra ocuparam a
rodovia PA – 150, no município paraense de Eldorado dos Carajás, para
exigir a desapropriação de um latifúndio improdutivo da região. Durante
o protesto, os Sem Terra foram cercados por mais de uma centena de
policiais militares, que abriram fogo contra eles a fim de "desobstruir a
pista a qualquer custo". Seis trabalhadores rurais foram assassinados no
início do cerco realizado pelos policiais e outros treze executados
depois, quando já nao apresentavam qualquer possibilidade de defesa. O
saldo foi de 19 trabalhadores rurais mortos e 69 feridos. Destes, três
faleceram alguns meses depois em razão das seqüelas produzidas pela
brutal violência.
Segundo o advogado do MST, Aton Fon, tudo foi feito para que os
responsáveis ficassem impunes: os corpos foram retirados do local antes da
chegada da perícia, não foram realizados exames de resíduos de pólvora
nas mãos dos policiais militares para verificar quem havia efetuado os
tiros, nem foram recolhidas as armas dos PMs. “Como tudo já havia sido
planejado, os policiais já saíram de seus batalhões sem as
indentificações que deveriam ostentar em suas fardas”, avalia.
Passados treze anos do episódio - considerado um dos mais veementes
exemplos da impunidade que cerca os crimes cometidos contra os
trabalhadores rurais no Brasil - nenhum dos responsáveis foi efetivamente
punido. De lá para cá, após uma série de julgamentos, apenas o Coronel
Pantoja e o major Oliveira foram condenados. Receberam a pena de 228 anos
de prisão, mas obtiveram o benefício de recorrer em liberdade. Ambos
apresentaram recurso de apelação ao Tribunal de Justiça do Pará, que
lhes negou os pedidos. Eles recorreram então ao Superior Tribunal de
Justiça e ao Supremo Tribunal Federal e aguardam em liberdade o julgamento
desses recursos.
O único argumento apresentado por eles no recurso que será julgado pelo
STJ é o de que teria havido nulidade do julgamento por “deficiência na
formulação dos quesitos apresentados ao corpo de jurados”. Para Fon, o
pedido é absurdo e foi criado apenas para adiar a condenação, buscando
tornar a impunidade irreversível. “Este argumento não passa de uma
ficção jurídica, porque cabia aos advogados de defesa do coronel
reclamar sobre os quesitos no momento do júri, o que não foi feito. Além
disso, Pantoja não foi condenado como autor direto dos 19 homicídios, mas
por ser o comandante da operação criminosa. É preciso que seja mantida a
condenação para que se garanta a realização da justiça nesse país”,
afirma.
Fonte: MST
21 de ago. de 2009
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