2 de jul. de 2009

Vía Campesina na luta em defesa dos direitos humanos em Honduras

Nesta quinta-feira, 02 de julho, representantes da Via Campesina Brasil e de entidades da sociedade civil se reuniram com o sub-secretário geral da América do Sul no Itamaraty, embaixador Ênio Cordeiro. As entidades pediram uma intermediação brasileira para o retorno imediato do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, bem como ajuda na garantia da democracia e dos direitos humanos no país da América Central.

É necessário que o Brasil se faça presente fisicamente em Honduras, através do envio de uma equipe do Itamaraty. É o papel que o Brasil, enquanto um país solidário àquele povo, deve fazer em prol da democracia”, avalia Marina dos Santos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entidade- membro da Via Campesina.

O grupo também pediu que o Grupo do Rio, que reúne os governos de 22 países da América Latina, se encontre no Brasil com máxima urgência para avaliações políticas quanto à situação social de Honduras. As entidades temem pela vida de, pelo menos, 25 dirigentes sociais que estão com mandados de prisão - como é o caso de Rafael Alegria, da Via Campesina Internacional, de Carlos H. Reyes, de Juan Barahona, ambos do Bloco Popular e de André Pavón, da Organização de Direitos Humanos – CODE, além de outros e outras dirigentes políticos que atuam naquele país.

No dia 28 de junho, o presidente hondurenho democraticamente eleito, Manuel Zelaya, foi deposto de seu cargo por militares. Em Assembleia Geral da ONU, realizada no dia 01 de julho, Zelaya afirmou que pretende voltar a seu país, acompanhado dos presidentes da Argentina e do Equador e do chefe da OEA (Organização dos Estados Americanos).

*Abaixo o documento entregue ao embaixador Ênio Cordeiro:

No início do corrente ano, o povo de Honduras levou ao posto presidencial alguém que buscava o dialogo com o povo para resolver problemas sociais provenientes de uma enraizada historia oligárquica. Manuel Zelaya foi eleito por uma maioria que buscava a democracia política e social, no qual pudessem ligar diretamente o povo ao seu dirigente máximo.

Na busca por apresentar à sociedade e ao continente o que verdadeiramente o povo hondurenho quer para a sua sociedade, o presidente Manuel Zelaya chamou um plebiscito o qual não foi aceito e duramente rechaçado pela oligarquia de seu país; nesse processo de negação da abertura social, a oligarquia junto ao exercito golpeou o povo hondurenho e o sue presidente.

Diante desse fato político tão retrógado ao futuro social de um país, varias vozes se fizeram ouvir: presidências, de organizações sociais, da OEA, da ONU. No Brasil, varias foram as demonstrações de solidariedade, desde as manifestações do seu povo a partir das organizações sociais até a posição governamental do nosso país. Porém, as forças oligárquicas de Honduras continuam perpetrando o golpe e tirando da população alguns dos seus direitos mais importantes: o de mobilizar-se, o de opinar, o de se comunicarem, etc.

Diante disso, nós brasileiros e brasileiros, assim como vem realizando o povo hondurenho, exigimos justiça àquele país e ao seu presidente. Dessa forma, solicitamos do Estado Brasileiro e do Itamaraty, através do Ministério de Relação Exteriores, o encaminhamento dos seguintes pontos:

Que no retorno do Presidente Manuel Zelaya ao seu país, o Brasil se faça presente fisicamente através do envio de uma representação do Itamarati acompanhando a equipe política dos países;

Que o Grupo do Rio se reúna no Brasil com máxima urgência para avaliação política e de encaminhamentos futuros quanto à situação social e política de Honduras no que tange ao retorno do Presidente e a reorganização do país;

Que busquem informações da situação de perigo de vida que atinge diretamente a pelo menos 25 dirigentes sociais, como é o caso do Rafael Alegria (da Via Campesina Internacional), do Carlos H. Reyes, de Juan Barahona (do Bloque Popular), de André Pavón (da Organizacao de Direitos Humanos – CODE) e de Berta Oliva. o que vem acontecendo com os principais dirigentes políticos de organizações sociais daquele país, já que no uma pessoa eleita pela população sua presidência.

Sabemos que o Brasil é um país que no continente latino americano e no mundo carrega um importante peso político em suas decisões, e que por isso mesmo terá uma postura política decisiva no transcorrer da democracia daquele país.

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