Por Rogério Almeida
O tratamento equânime parece não ser o forte da mídia do Pará. Quando o MST ocupou a primeira fazenda de Dantas no dia 25 de julho do ano passado sobraram chamadas de capa nos principais diários da capital. Os telejornais seguiram a mesma linha de pauta: a satanização dos movimentos alinhados na defesa da reforma agrária.
Editoriais moralistas pipocaram aos quatro cantos. O MST ocupou outras fazendas de Dantas, como a Espírito Santo, no município de Xinguara. Aquele dos tiros dos capangas no mês de abril.
A categoria dos pecuaristas se mobilizou capitaneada pela representante maior da categoria, Kátia Abreu (DEM/TO), que por mais de uma semana ocupou a mídia local pedindo ação da justiça contra os sem terra nas posses de Dantas. Até a cabeça da governadora foi solicitada através de intervenção federal.
Já a notícia dos indiciamentos do banqueiro por vários crimes e os embargos das fazendas em nome da Agropecuária Santa Bárbara, pessoa jurídica de Dantas no Pará não gozou de nenhuma chamada de capa.
É como se os fatos não existissem. E os negócios no setor agropecuário de Dantas não estivessem concentrados no Pará e nem fossem suspeitos de lavagem de dinheiro.
Outro silencio foi a apreensão de armas das “empresas de segurança” nas fazendas do sudeste do estado, que operavam de forma ilegal, sem licença. Sem falar na condenação de 27 fazendeiros por trabalho escravo no início do ano e a pesquisa de grilagem de terras do Ministério Público Federal (MPF), que desnuda que os títulos falsos de terras ultrapassam em quatro vezes o território do estado. Sobre a agenda negativa do setor agropecuário o silêncio da imprensa local é estrondoso.
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