30 de mai. de 2009

Finalmente uma das figuras da impunidade neste país irá para o banco dos réus

Ontem, 29, o jornal O GLOBO divulgou que pelo TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios), o acusado de assassinar um menor de rua, com um tiro nas costas, em 1993, o coronel Sebastião Curió, será julgado por júri popular no próximo dia 05, em Sobradinho (DF). Além do menino assassinado, outro rapaz sofreu sérias lesões corporais.

Sebastião Curió será julgado por homicídio duplamente qualificado. A pena para esse tipo de crime varia de 12 a 30 anos de prisão, segundo o Código Penal Brasileiro.

O julgamento estava previsto para 2008 no Tribunal de Justiça do Pará, mas foi adiado inúmeras vezes. Essa não é a única denúncia de atrocidades envolvendo o coronel. Em 1981, durante a ditadura militar, o acampamento da Encruzilhada Natalino foi cercado pelo Exército, comandado pelo coronel Curió, no Rio Grande do Sul. Ninguém poderia entrar, ninguém poderia sair. O acampamento foi declarado “área de Segurança Nacional”.

Em abril deste ano, ele foi condenado a pagar R$ 1,1 milhão por improbidades administrativas ocorridas entre 2001 e 2004, durante sua penúltima gestão como prefeito do município. A decisão suspende os direitos políticos de Curió por cinco anos. Seu mandato como prefeito havia sido cassado em 2008 pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ele foi condenado por compra de votos e abuso do poder econômico.

O nefasto coronel Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como Sebastião Curió, é um militar e político brasileiro, fundador da cidade de Curionópolis, no sul do Pará.

Curió chegou na região nas décadas de 1960 e 1970 para combater o movimento da guerrilha do Araguaia e virou líder político da localidade. A ele também foi dada a incumbência de acabar com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ainda no período embrionário.

Além disso, Curió foi deputado federal entre 1983 a 1987. No início da década de 80, foi nomeado interventor do garimpo de Serra Pelada pelo então presidente da República, João Baptista Figueiredo.

Sebastião Curió fundou a cidade de Curionópolis, no sul do Pará, em 1989. O município engloba o povoado de Serra Pelada, local conhecido internacionalmente pela exploração do garimpo de ouro.

O apelido (Curió) e o nome da cidade (Curionópolis) fazem referência ao curió, um pássaro nativo da América do Sul.

De acordo com estudos divulgados pelo Partido Comunista do Brasil, Curió foi o responsável pelo trabalho de inteligência militar no combate à guerrilha, utilizando informações obtidas de guerrilheiros capturados por meio de tortura:

A guerra suja deixava de ser uma ação ostensiva para cair na clandestinidade, comandada diretamente pelo Centro de Informações do Exército, o CIE. Aparece na história, então, um personagem que se tornaria célebre na região: Sebastião Curió. Major à época, Sebastião Rodrigues de Moura, com curso de especialização no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), do Comando Militar da Amazônia, ex-lutador de boxe , foi enviado ao Araguaia com o codinome de Marco Antonio Luchini, um engenheiro florestal dos quadros do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para montar uma operação de inteligência e aniquilar os últimos focos da guerrilha. Curió montou uma rede de informantes em toda a região do Araguaia. Sua estratégia mais bem sucedida foi a montagem de biroscas para o fornecimento de alimentos e munição ao longo do rio Araguaia, onde obtinha valiosas informações dos caboclos. Mais de uma vez os agentes do CIE recrutados por Curió em quartéis da própria Amazônia - pessoas com características físicas da região - venderam munição sabendo que era destinada aos guerrilheiros, para angariar a confiança dos lavradores. Dessa forma, sem pressa, Curió conseguiu identificar um a um todos os acampamentos da guerrilha, que passaram a ser atacados por pelotões especialmente treinados para aquele tipo de ação'”.

Em entrevista de Sebastião Curió, em 02 de fevereiro de 2007 a UNB-Agencia, declarou:

...Na época, eu era chefe do Setor de Informações do Exército e fui mandado para lá para conseguir conduzir aqueles homens numa política favorável ao governo. A intenção inicial não era dar apoio social nem comercial, mas sim político-ideológica”.

Este juri popular já é uma vitória de anos de impunidade, em um país onde se fica na esperaça de torturadores, genocidas e violadores dos direitos humanos sejam julgados por seus crimes, em que bandidos confessos do regime militar viram celebridades, escritores, prefeitos e figuras de destaque do cenário nacional.

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