3 de dez. de 2009

NOTA PÚBLICA DE SOLIDARIEDADE AO ADVOGADO DA CPT DR. JOSÉ BATISTA E AOS DEFENSORES PÚBLICOS DR. ROSSIVAGNER E DR. ARCLÉBIO

Nós, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri) regional Sudeste e dos sindicatos, dessa regional, viemos a público, manifestar total apoio ao advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) Dr. José Batista Afonso e aos defensores públicos agrários Dr. Rossivagner Santana Santos e Dr Arclébio Avelino da Silva em razão das infundadas acusações feitas contra eles, pelo Delegado Geral de Polícia Civil do Pará Raimundo Benassuly.

Nós somos testemunhas do trabalho sério e comprometido do advogado da CPT e dos defensores públicos. Razão pela qual não temos qualquer dúvida sobre a veracidade do relato feito por eles sobre a ação violenta e truculenta do Delegado Benassuly na curva do “S”no ultimo dia 6/11. Por outro lado, não acreditamos nas explicações fantasiosas do delegado, em sua nota, divulgada por este jornal. A veracidade da referida nota não resiste a algumas perguntas obvias: 1) Se tinham crianças sendo usadas como “bucha de canhão”, como diz o delegado para interditar a estrada, por que a imprensa que esteve no local não viu nada disso? O Delegado diz que filmou tudo isso, porque não divulgou essas imagens? 2) Diz que sacou a arma para se defender de um trabalhador que o ameaçou com uma faca, porque o trabalhador não foi preso com a faca e indiciado por atentar contra a vida do Delegado? 3) Diz que o advogado da CPT estava apoiando a ocupação de estrada pelos Sem Terra, mas, quem intermediou a desocupação foi o advogado Batista e quando o Delegado chegou ao local, a estrada já estava desinterditada há várias horas. Ou seja, a nota do delegado é uma expressão do seu despreparo.

A atitude do Delegado Geral nada mais é do que uma demonstração clara de como parte da polícia do Estado do Pará tem agido durante muitos anos: de forma violenta, truculenta e na maioria das vezes contra os trabalhadores rurais. No Estado do Pará, mais de 800 trabalhadores rurais foram assassinados nos últimos 30 anos simplesmente porque estavam reivindicando os seus direitos garantidos na Constituição Federal e no Estatuto da Terra que é a reforma agrária. Na maioria dos casos, nem inquérito policial foi instaurado, outros foram mal feitos e impossibilitou a punição dos culpados pelos crimes.

A atitude do Delegado Geral da Polícia Civil do Pará na Curva do “S” no dia 6 de novembro e sua nota acusando e denegrindo a imagem da CPT, do advogado José Batista Gonçalves Afonso e dos Defensores Públicos Rossivagner e Arclébio, parece querer perpetuar a má fama de uma parcela da polícia civil do Estado do Pará. Em vez de prender assassinos e mandantes de crimes contra trabalhadores rurais. E em vez de prender os inúmeros assaltantes de bancos e das estradas que aterrorizam milhares de cidadãos do Pará, o Delegado Geral da Polícia Civil vem a público acusar quem durante muitos anos tem defendido os direitos humanos, sobretudo dos mais pobres que buscam a terra para criar seus filhos.

Nós não queremos que voltem as práticas do período da Ditadura Militar, quando policiais conversavam com trabalhadores rurais com uma arma na mão e não mediam esforços para acusar os defensores de direitos humanos. Atitude como essa, só faz denegrir ainda mais a imagem da polícia civil do Estado do Pará e a reputação daqueles que estão na instituição e são preocupados com a justiça social e a não violência.

Exigimos liberdade para os trabalhadores presos e imediata revogação do mandado de prisão das lideranças do MST! Exigimos ainda a suspensão imediata do cumprimento das liminares de despejo na região!

Marabá-PA, 16 de novembro de 2009

Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará – Regional Sudeste

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Jesus do Tocantins

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Ipixuna

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São João do Araguaia

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