Somos os mais antigos habitantes desta terra, indígenas, descendentes de escravos, quilombolas, a mistura de índios e negros, populações tradicionais, que resistimos a fúria dos chamados desbravadores e das frentes de exploração. Nos reduziram a poucos mas não conseguiram nos exterminar. Continuamos convivendo com a natureza, defendendo nosso território e preservando a biodiversidade.
Somos camponeses, migrantes, vitimas das secas e dos coronéis do latifúndio, na maioria vimos dos Estados do Nordeste brasileiro, fomos colonos, juquireiros, vaqueiros, lutamos e conquistamos terras e dignidade, preparamos as áreas para plantar criar e se estabilizar.
Somos garimpeiros, dos garimpos da região do Tapajós, Jacareacanga, do Cuca, Cumaru do Norte, dentre outros e de serra Pelada, enfrentamos as mais diversas dificuldades, desde o trabalho duro dos garimpos, a malária, febre amarela e a ganância dos patrões e compradores de ouro, mas resistimos e continuamos em busca de superação das nossas necessidades.
Desde a década de 70, começaram a chegar para a Amazônia outras diversas frentes de dominação e exclusão: madeireiros, fazendeiros, grileiros, empresas construtoras de hidrelétricas, mineradoras, siderúrgicas e empresas que plantam e comercializam soja.
Nossas terras estão sendo inundadas pelas águas dos lagos das hidrelétricas e ocupadas pelas mineradoras, às águas dos igarapés estão sendo poluídas e as nascentes sendo destruídas, os animais silvestres sendo afugentados e extintos, a biodiversidade sendo substituída por pastagens, soja e eucalipto e em áreas de mineração do grande capital espoliativo e predatório.
A expansão do capital no campo, através das corporações, com a conivência do Estado, quer nos empurrar para as periferias das cidades, que já não comportam a grande leva de migrantes, para aumentarmos a massa sobrante de pobres e miseráveis que se multiplica a todo instante.
Por contarem com significativas reservas de jazidas minerais, e vários projetos em andamento, as regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Oeste do Estado, são as mais atingidas pelo capitalismo da destruição, que promove a degradação ambiental, o aumento dos índices de criminalidade, roubo, furto, o tráfico de drogas e a prostituição e barbárie social.
Não estamos mais dispostos a apenas resistir, mas sim enfrentar o modelo de ocupação da amazônia dirigidos pelas empresas nacionais e transnacionais, como a Vale e a Alcoa. Não vamos permitir que o capitalismo continue destruindo nosso patrimônio natural e cultural, e que o Estado brasileiro financie estas atividades com uso do dinheiro público.
Portanto, o papel das populações destas regiões é de criar condições de enfrentamento a este modelo perverso, usando todos instrumentos possíveis, já conhecidos e por ser inaugurado nos momentos das lutas concretas contra a força do capital e da submissão Estado
Fotos:Augusto Rodrigues
Ao governo Federal e do Estado do Pará, exigimos:
1. Que seja anulado o leilão de privatização da Vale e que seja transferido aos trabalhadores o gerenciamento das atividades de extração e transformação mineral.
2.Imediata suspensão dos projetos Onça Puma, da Vale, em Ourilândia do Norte, e do projeto para extração de bauxita, da Alcoa, em Juruti.
3.Imediata suspensão dos trabalhos para construção da barragem Marabá, no rio Tocantins, e da barragem de Belo Monte, no rio Xingu.
4. Que seja criado um Conselho Deliberativo com a participação de representantes do governo e de entidades dos movimentos sociais de trabalhadores, para deliberarem sobre políticas que garantam o uso racional e planejado dos recursos naturais(mineral e florestal).
5. Que o governo do Estado constitua uma Comissão com representantes do IBAMA, SEMA, Ministério Público Estadual e Federal, OAB, e dos movimentos sociais, das áreas atingidas pela mineração, para identificar todos os problemas sociais, econômicos e ambientais que vem sendo causados às populações locais.
6. Que o governo do Estado do Pará retome todas as fazendas adquiridas pelo especulador Daniel Dantas e destinando-as para Reforma Agrária.
7. Que o governo do Estado destine recursos para Serra Pelada, em caráter de urgência, recursos necessários para a solução dos problemas de saúde, habitação, saneamento básico e de geração de trabalho e renda.
8. Que seja embargadas todas as atividades consideradas pelo ministério publico estadual inviáveis social e ambientalmente, como no caso da Termoelétrica que a VALE esta construindo em Barcarena.
9. Que a ALCOA negocie com os trabalhadores e trabalhadores que (nesse momento) estão acampados na frente da sua instalação em Juriti Velho.
Belém 31 de janeiro de 2.009
Acampamento Internacional da Via Campesina
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